sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Alguém se foi sem se despedir

Ramon era estudante do curso de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tinha apenas 19 anos, quando deixou a família em Belo Horizonte em busca de um sonho. 

O rapaz de raízes simples e humilde era esforçado e estudioso. Ele nunca se abateu pelos obstáculos da vida. Cresceu na periferia da capital mineira e desde novo aprendeu a distinguir o certo do errado. 

Sempre estudou em escola pública, mas desde novo ocupava uma cadeira nas salas de alunos mais desenvolvidos. O garoto cativava a todos com seu jeito moleque de ser.

Comunicativo, conversava com todos, era leal com seus amigos, até tinha uma banda de Rock. Formou no Ensino Médio em Dezembro de 2007, passou um ano estudando em cursinho preparatório. 

No final de 2008 ele passou no vestibular da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Sua alegria estava estampada no rosto, sua família orgulhosa como sempre. O filho sempre surpreendia os pais. Os amigos fizeram uma mega festa para comemorar. Afinal de contas ele passou na federal e merecia todos os méritos. 

O estudante tratou de se instalar em uma república. Apesar de ser calouro ele se adaptou fácil ao lugar novo e as pessoas, não havia uma pessoa que não o conhecia na universidade, em pouco tempo ganhou o carinho de todos.

Mas no dia 9 de Julho de 2009 um susto. Ao entrar no Orkut (site de relacionamento), a noticia triste logo chegou a minha página. Ele tinha partido sem se despedir. Talvez se ele se despedisse seria pior. 

Naquele momento todos estavam confusos e sem saber ao certo o que havia acontecido. A informação era de que Ramon tinha falecido, em função da nova gripe, mais conhecida como Gripe Suína. 

O garoto não teria resistido à doença. A família entra em desespero, era o filho mais novo. 

Os amigos não se conformaram em perder uma pessoa tão especial. O mais chocante nessa história é ver que um garoto de apenas 19 anos, sonhador, que sem duvida teria um futuro brilhante, tendo que partir tão cedo.

Os amigos ainda lamentam a sua falta, mas fica guardado na memória o sorriso daquele amigo que nos ensinou a nunca deixar de sonhar.

Atualizado em 28 de agosto de 2017. 

domingo, 6 de setembro de 2009

Um olhar que me chamou a atenção

Sai do serviço às 16h30 do último sábado. Como de costume, peguei o ônibus  lotado. Em um determinado ponto, embarcou um senhor de meia idade. Ele deveria ter no máximo quarenta anos.

O homem usava roupas simples e tinha uma mochila de lado. Logo pensei: "lá vem aqueles caras que vendem canetas nos ônibus". Mas o senhor começou a falar e fui mudando de pensamento.

Ao longo do discurso, ele dizia que tinha uma família, morava em um barraco, pagava conta de água, luz, fazia despesa e que estava desempregado. 

Na hora, parei para refletir sobre o que acabava de escutar. "O homem é novo. Ele pode arrumar um emprego. Todo mundo consegue um. Por que com ele seria diferente?", pensei. 

Mas, na mesma hora, o homem, com aparência apreensiva e depressiva, começou a explicar que não tinha estudos nem muita oportunidade. Ele ainda argumentou que nós poderíamos pensar que ele era um vagabundo qualquer, porém, ele alegou estar ali por um ato de desespero. Por fim disse que sua família nem imaginava que ele estava fazendo aquilo.

Nesse momento, fiquei confusa sem saber o que fazer. Eu estava feliz porque estava dando tudo certo no meu trabalho e fiquei pensando que realmente emprego não está fácil. 

Não queria dar a ajuda porque o homem era novo e tinha condições de se virar, mas eu não o conhecia e não poderia julgá-lo. "E se realmente sua família estivesse muito necessitada?", pensei. 

Então, no momento em que um garoto deu uma moeda para o rapaz, eu não exitei e coloquei a mão na carteira. Sem contar, tirei três moedas de dez centavos. Para mim era pouco, mas para aquele senhor seria muito porque ninguém mais ajudou. 

Assim que passaram três pontos, ele desceu do ônibus, apenas com a minha contribuição e com a ajuda do garoto. Além de estar com uma cara de preocupação e desespero. 

Do meu acento e pelo vidro do coletivo, eu fiquei pensando e percebi que agi corretamente. Temos que seguir nosso coração. 

Atualizada em 05 de abril de 2018.