segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Lembrança de um amigo parado no tempo

Olhando-te, parado aí em cima destes trilhos. Tão inerte, sem vida, sem cor e por muitos, esquecido no passado. Os vagões que pertencem a ti já não se locomovem, já não reconhece a forma humana. A única coisa que habitas-te são os animais em busca de alimento e a ferrugem que te consome aos poucos.

Tu que foste um marco no desenvolvimento do século XIX, que trouxe por diversas vezes notícias e políticos. E hoje encontra-te ai parado no tempo, sendo consumido por memórias de uma época que não volta mais. Esforçando-te para lembrar de lugares que há muito não percorres.

Que tristeza ver-te assim. Tu que carregaste sentimentos, história, personagens do século, hoje perdeste o brilho. Tiram o vapor que te impulsionava, forçaram-te a parar os trajetos, os sonhos e os trabalhos.

Hoje, as pessoas passam por ti sem perceber, sem dar-te a atenção merecida e sem questionar o que fez com que tu paraste os trabalhos. Sem imaginar que tu ainda tens muito a ajudar esse país cheio de problemas na terra e no céu.

A vida passou e tu não acompanhaste as transformações ocorridas na cidade. Não percebeste que foras trocado por outros meios. Mas tenho a certeza que se voltares a desbravar esses trilhos não teria companheiro de viagem mais sincero que tu, mostrando para teus passageiros lugares mais puros, reais e sinceros aonde só tu podes chegar.