sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Perfume que nos reúne a mesa

Quinta-feira, cinzenta em Belo Horizonte, dia nublado e um almoço em família. Ao meio dia saio da redação e me encontro com mamãe, minha irmã e meu cunhado.

Na casa da minha querida irmã, mamãe tinha deixado o almoço preparado. O cheiro da carne de porco assada me fez lembrar os almoços de família na casa de minhas tias. Descendentes de italiano, essa família tem o costume de se reunir a mesa para discutir situações, compartilhar boas novas e simplesmente demonstrar através de um belo prato o carinho que um tem pelo outro .

Após o almoço a filha mais velha da minha mãe, olha para todos sentados a mesa, e me pergunta se não poderia fazer biscoito de polvilho para o café da tarde. Eu olhei para a cozinha, e pensei comigo mesma. “Mamãe já fez pão de queijo hoje, mas porque mais biscoito de polvilho?”. Em seguida percebi que algum motivo havia atrás daquele pedido.

Ela foi para a cozinha, e o perfume do café passado no coador de pano me convenceu a cozinhar.  Do outro lado da casa estava mamãe. Em um quarto frio, ela passava as roupas. Meu cunhado saiu para trabalhar. Enquanto todos estavam ocupados eu resolvi fazer a minha parte.

Ao abri o armário e percebi que no fundo da madeira, tinha um pacote contendo menos que à metade de um pacote de polvilho. Na geladeira havia apenas dois ovos. Mas com uma boa pitada de sal, orégano e queijo parmesão, escaldando com água, óleo e leite fervente, a mistura se tornou uma massa grande e homogenia. A mistura de todos os ingredientes causa um aroma familiar na casa. Era a lembrança do carinho da vovó, que em todo encontro de domingo ela proporcionada a todos rodadas e mais rodadas desta iguaria.

Enchi dois tabuleiros com um pouco de massa e amor, e levei-os ao forno. Nesse meio tempo fui para sala me encolhi no canto do sofá e lá fiquei até o aroma do polvilho me convidar a ir ao forno e retirar minhas gracinhas.

Com os biscoitos postos a mesa, a família se reuniu ali novamente. Como um ato sagrado, nos juntarmos a mesa e naquele momento o dia que começou nublado terminou iluminado.