sábado, 27 de novembro de 2010

Chuvas de uma noite de Novembro

Durante a madrugada do dia 23 de NOVEMBRO, um temporal na cidade de Belo Horizonte.
As 19h 30 eu voltava do trabalho, o trajeto era o de sempre, 61- Estação Venda Nova. Fiquei quase que duas horas no ônibus. Em uma parte do caminho o trânsito parou como de costume, entretanto imaginei que seria reflexo da chuva da noite passada. Mas quando cheguei próximo a linha verde percebi que o trecho estava interditado. Fiquei quase que meia hora parada naquele ponto da avenida Cristiano Machado.


De dentro do ônibus o que se via era um cenário de guerra. Da quele ponto para frente não conseguia ver mais carros na rua. A Policia Militar fazia um cerco na rua. No passeio várias pessoas, mas muitas pessoas mesmo. Imagine um país como Irã, ou Afeganistão, todas aquela pessoas na rua com medo, era assim que estavam aqui na capital mineira. E entre a multidão e os policiais estavam montes de lixo. Muito lixo. O provável era imaginar que com a chuva o lixo do córrego subiu e foi para a superfície. Mas o que ninguém queria acreditar era que aqueles resíduos poderiam ser das casas daquelas pessoas, ou até mesmo a casa daquelas pessoas poderiam estar ali. 


Presenciei fogo nas ruas, muitos manifestante colocando fogo em todo aquele lixo. Em outras partes da via a água continuava brotando em meio ao asfalto. Mães desesperadas, crianças sem saber o que estava acontecendo, todas com uma expressão de angustiadas e assustadas, alguns revoltados com tanto descaso do Governo, outros ali já acostumados com aquela situação e os policiais nitidamente abalados. Claro antes de vestir a farda eles são cidadãos como os outros.

Uma mãe gritava com o policial, “Minha casa foi nessa chuva, aonde vou ficar?”. Outra contava a uma emissora de TV que estava ali, que durante a madrugada quando a chuva começou a invadir a casa, ela saiu com os filhos, se lamentando por não ter pegado a certidão de nascimento dos filhos nem a mamadeira das crianças.


As lagrimas foram inevitáveis, aquela meia hora foi a mais longa da minha vida. Parei para pensar de quem seria a culpa, mas acho que não conseguiria imaginar em algo desse tipo naquele instante.