quarta-feira, 23 de junho de 2010

Imagem que fala

Ron Howard mantém o equilíbrio de sempre. Unindo elenco, música e direção, chegando a um belo resultado, visto na tela.




A maior democracia do planeta, na década de 70, passou por uma das grandes crises política de todo mundo. Em 1974, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Richard Nixon, renunciou ao mandato devido às pressões políticas em torno de denúncias de corrupção. Três anos depois, o jornalista e apresentador de programa de variedades de uma TV australiana, David Frost, inicia uma verdadeira batalha de convencimento e de produção para que o ex-presidente fosse foco de uma entrevista. Esse momento da história política dos EUA é retratado com maestria pelo diretor Ron Howard em seu filme “Frost/Nixon” (EUA, 2008).

O grande clássico hollywoodiano sobre comunicação e política é representado brilhantemente por Frank Langella, como Nixon, e Michael Sheen, como Frost. A bela performance dos protagonistas é justificada pela liberdade que o diretor permite aos atores. Além disso, o entrosamento se explica pelo fato dos dois terem atuado, nos respectivos papeis da película, em 2007, na peça do dramaturgo Peter Morgan, que deu origem ao filme.

A obra prende o telespectador através do suspense da música de Zimmer e a direção de Howard. Isso faz com que o filme sobre entrevista se torne em um combate de arena, entre dois homens. E o tema que aparentemente seria sonolento se transforma em um duelo quase que existencial.

Frost vê a grande possibilidade de fazer dinheiro, aumentar sua audiência e visibilidade com a entrevista em terras norte-americanas. Nixon tem o objetivo de converter a opinião pública a seu favor. Com objetivos diferentes, inicia se A “batalha pela conquista de mente e corações”, como diria o editorialista da Folha de São Paulo, Clóvis Rossi. Dividida em quatro fases, Richard sai muito bem nas duas primeiras entrevistas, respondendo tudo de forma psicológica e que não tenha como ser editada posteriormente. Demonstrando a verdadeira essência do jornalista, o apresentador de entretenimento passa a virar noites estudando sobre o caso, e investigando tudo aquilo que poderia ser dito no palco. Nos dois últimos encontros, Frost aparece munido de uma vasta documentação, fruto de apuração intensiva. O resultado foi a atuação magnífica do jornalista, que levou Nixon a assumir uma culpa, até então, inconfessa para o povo americano.

Ron Howard sempre usa de forma equilibrada o close-up. No caso de “Frost/Nixon”, foi algo determinante, já que um semblante imortalizado na tela num momento de derrota pode ser mais eloqüente do que uma declaração de culpa. Essas imagens podem falar mais do que a própria confissão

“Frost/Nixon” sobressai muito por conta do equilíbrio entre elenco, música e direção, que consegue prender o público À tela, através destas imagens que falam.

Resenha sobre filme "Frost/Nixon"(EUA, 2008).