domingo, 17 de janeiro de 2010

"Trem Das 17:30"

Em noite de lua cheia, eu me encontro no canto do quarto escuro. De olhos fechados não parava de pensar naquele belo rapaz, que deixei sozinho na escadaria do metrô. Lembro-me de cada detalhe daquele dia. 

Sai do meu trabalho quando me deparei com ele a minha espera. Um rapaz claro de um metro e sessenta e cinco de altura, olhos claros e mochila nas costas. Meu coração disparava não tinha como explicar. Nosso encontro foi um misto de emoções, aonde quem falavam eram os olhos cheios de carinho e sinceridade. 

Nossa caminhada até o metrô foi hilária, era como se fossemos duas crianças novamente. E por alguns instantes as crianças tomaram o lugar do radiologista e da jornalista. As brincadeiras eram inevitáveis, os olhares incontroláveis e a vontade de ficar juntos só aumentava.

Pronto! Chegamos ao metrô! E na quela longa escadaria nos sentamos. Me impressionava a firmeza com que ele falava, olhando sempre nos meus olhos, queria de qualquer forma passar veracidade nas suas palavras.

E eu pensava: "Meu Deus, como pode alguém com apenas 21 anos ser tão decidido?". Sua força de vontade me impressionava e me fascinava. Não sabia direito qual sentimento eu mantinha dentro de mim, mas sabia do quanto me instigava aquele rapaz. 

Ele me falou da sua história, do seu passado, da sua família e até mesmo das suas metas de vida. Não sabia como agir e nem como pensar. Em cada momento que ele se aproximava meu coração disparava, como uma bomba que não se sabe quando vai explodir.

Ao tocar minha mão já me imaginava ao lado daquele rapaz depois de alguns anos. Comecei a imaginar a vida ao seu lado dali para a frente. Me perguntava a todo instante se tudo aquilo era real. 

Sentada na escada e encostada no corrimão fiquei pensando: "Temos tanto em comum e ao mesmo tempo não temos nada em comum. Eu gosto de Rock e ele de musica chinesa". Ria sozinha e por dentro, porque sabia que aquelas diferenças eram tão pequenas, que chegavam a ser insignificantes.

Ao me abraçar meu corpo todo tremeu não sabia o que fazer. Embora sentisse uma vontade enorme de beija-lo, eu sabia que não deveria. Não poderia agir mais uma vez sem ter certeza daquilo que eu queria. 

Aqueles degraus da escadaria do metrô da Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, me levavam de volta aos séculos passados, onde as garotinhas morriam de vontade de fazer algo e não faziam, quem sabe a voz da "tal consciência" as impediam. 

Era 17h30, quando o metrô com destino a estação Vilarinho, no lado Norte da capital mineira, parou e eu tive que partir. Fui embora e o deixei ali, na quela longa escadaria. 

As portas do metrô se fecharam e foi quando me toquei o quanto queria ter perdido o "trem das 17h30". Assim que fecharam se as portas do metrô eu acordei em meu quarto sem saber se teria sonhado ou se tudo aquilo teria sido real.

Atualizada em 29 de agosto de 2017. 

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